Rodrigo PA, o Kylix sofreu de alguns problemas na sua implementação.
A primeira delas é que ele é incompleto. A idéia original era: pega teu código em Delphi, compila no Kylix e roda no Linux. Na prática, muitos componentes do Delphi são atrelados a bibliotecas do Windows. Algumas delas se referem à renderização de botões e janelas, fazendo com que uns 90% dos códigos não compilassem, exigindo modificações no código.
Outro problema que muitos reclamaram era da estabilidade do Kylix, eu vi muitas reclamações de usuários, e a Borland não estava dando o suporte adequado a estes clientes. Eu nunca usei nem Kylix nem Delphi para dizer, isso foi o que eu ouvi dizer.
E o terceiro problema, é que a procura pelo produto foi baixa pelos dois motivos acima, associado ao fato de que o cliente final (que vai consumir o software que você desenvolveria em Pascal) já tem uma base instalada de computadores com Windows e poucos gostaria de migrar para Linux, apesar de algumas vantagens (como custo e estabilidade), porque tem outras desvantagens, principalmente do know-how do usuário final (que é craque em clicar no botão iniciar e só), conhecimento dos técnicos de suporte (que são os estagiários que fuçam na máquina e fazem-na funcionar quando pega um vírus).
Além de tudo isso, há a concorrência, há várias soluções para você criar softwares em Linux, provavelmente nenhum tão prático quanto o Delphi, mas ainda assim é concorrência.
Somando tudo isso, o Kylix fracassou, como era de se esperar. Não pense que por causa de meia dúzia que fez mimimi que o Kylix fracassou, o público alvo do produto (business to business) não aceitou e pronto.
Quanto ao mono, o problema é outro. Existe um risco (note bem: risco) de que o produto afunde por causa de patentes da Microsoft. Sobre o .Net tem um caminhão de patentes, a MS é a maior detentora de patentes de software e está assitindo o desenvolvimento do mono de camarote. No momento que o mono provocar algum prejuízo ao .Net, ela vai acionar as patentes, e pode provocar uma grande celeuma no software livre. Quando a SCO processou a IBM por conta de supostas patentes de código que ela alegava estar no kernel, criou um burburinho gigantesco no mercado de software livre. A SCO chegou a vender (e vendeu) contratos que garantiam que se você tivesse pago por este contrato, ela não ia te processar. O resultado é que a SCO não tinha nada, não provou nenhuma quebra de propriedade intelectual no código do kernel, e hoje está prestes a fechar as portas, porém o prejuízo que ela provocou pela boataria que espalhou foi enorme. E a concorrência do software livre usou e abusou do mote "use software livre e não terás garantia nenhuma de que podes ser processado por infração de patentes, compre meu software e eu garanto". Então, sob este ponto de vista, muita gente condena o desenvolvimento do mono, porque pode acontecer de novo. Se for prá correr este risco, é melhor investir o desenvolvimento em algo que não infrinja nenhuma patente. E muitos defendem o boicote ao Gnome exatamente porque cada vez mais estão usando o mono para rodar componentes do ambiente, daí imagine a situação de uma empresa rodando milhares de desktops com Gnome sendo processado porque o mono que roda ali infringe patente.
Note: há somente um risco de que isso possa acontecer. Por isso alguns boicotam o mono, outros desenvolvem o mono, e muitos outros usam o mono.