MERCADO

[Guri]

Eu queria saber de vocês, como anda o mercado de projetos nos dias de hoje.
O que esta em alta e como vocês veem o futuro da eletrônica aqui no Brasil com essa praga assolando o mundo.

Gostaria de saber da experiência dos colegas sobre os prós e contras e das expectativas para um novo mercado que esta a surgir, com novos horizontes, sem dúvida alguma

[eletroinf]

O que eu penso é que o Covid vai passar, mais tranquilamente se surgir uma vacina, mais tenebroso sem esta.
O resto continua tudo igual, políticos fazendo politicagens, muitos usando o Covid para benefício próprio.
Aqui na terrinha eu não vejo futuro pra nossa área, a desindustrialização segue a todo vapor e não mudaria por causa do Covid.
Coisas óbvias (do ponto de vista da análise financeira): previdência, se tá ruim com a reforminha do bozo, tende a piorar com o passar do tempo, em 20 anos teremos praticamente o dobro de aposentados, quem espera viver da previdência pública vai se lascar legal. Percebam que, como não há capitalização, quem está na ativa paga por quem está inativo (sistema em pirâmide financeira).
O resto é o que vem depois. Penso que resumidamente será por aí. Mas, falar do futuro é coisa do passado, e o futuro não nos pertence.

[Guri]

Muito obrigado eletroinf por compartilhar seus pensamentos.

[vtrx]

A China continua e continuará a a atrapalhar as coisas...

[eletroinf]

Prosseguindo o assunto, eu não penso que a China atrapalhe, ao menos no nosso caso.
No nosso caso (Brazil), nós mesmos nos atrapalhamos.
A mentalidade do país é entrar na globalização para tirar proveito do que há de mais atual de tecnologia, mas não fazemos nada (falando em termos gerais). Corte o comércio internacional e nós voltamos antes da era das válvulas, não conseguiríamos nem componentes nacionais pra fabricar um radinho de pilhas.

[Red Neck Guy]

Na minha percepção o problema é bem complexo. Pegue por exemplo grupos econômicos que foram de base industrial por décadas, muitos deles venderam seus negócios para empresas estrangeiras e viraram empresas de investimento e/ou participação.
Muitas delas investindo em negócios da área de construção civil e agrícola. Então você percebe que uma parcela significativa da nossa industria ficou na mão de grupos e investidores estrangeiros, basicamente esse pessoal (assim como todo empresário, investidor ou inventor brasileiro mesmo) visam lucro,porém ao contrário do empresário local não têm ligação sentimental ou solidaria local.
Na hora de investir uma empresa analisa os números, o que é mais barato produzir aqui ou importar? Importar quase sempre vence, já que aqui no Brasil carga tributária, custos trabalhistas,custos financeiros e insegurança jurídica são excessivamente altos.
Todo mundo sabe dos altos custos envolvidos na contratação de funcionários,qualquer incremento na produção para atender uma sazonalidade na indústria gera toda uma despesa que importar traz, taxas de financiamento com juros sempre acima dos dois dígitos e regulamentações e leis que mudam do dia para a noite.
Então você que está lendo isso pensou, mas e essas indústrias nacionais que ainda existem? Tirando desse conjunto as que possuem capital estrangeiro, você perceberá que a maior parte vive de nichos. Segmentos que exigem certificação, ou são muito específicos e tornam um pouco mais difícil a entrada de produtos estrangeiros.
Custos com certificação são altos, então certificar algo para vender exclusivamente no Brasil as vezes não compensa já que em termos de faturamento pro chinês somos um percentual pequeno.
Em nichos específicos, apenas quem está dentro ou próximo conhece, então não instiga pessoas de fora a entrar ou buscar soluções.
Toda turma de escola técnica/engenharia tem aquele(s) que olha para a tecnologia tem um vislumbre das coisas e pensa que vai montar um negócio e ficar milionário com ele. Precisamos ter em mente que pegar uma tecnologia de mercado, ajustá-la e fazer algo que todo mundo faz não é um negócio. Nas décadas de 80,90, talvez até 2000, muita gente viveu da transformação de tecnologia em produtos, basicamente pegando algo que foi lançado e fazendo um produto.
Por exemplo, hoje todo mundo olha para o esses SOC com BLE/WIFI e pensa em fazer coisas para casa inteligente, me desculpe, mas isso não é um negócio nem se tornará um. Primeiro, se você que está começando a estudar agora acha que está fazendo grande coisa, não está!!!! Aplicação de tecnologia de massa em produto é algo que você compra na china, você pode até tentar transformar isso num negócio, mas cairá na vala comum do mercado e sim, terá concorrência de produtos chineses com preços de venda que não cobrem os seus custos.
Polêmica: Grande parcela de culpa na desindustrialização do pais é culpa dessa cultura de startups!!!! Foco em negócios sem nem saber direito o que estão fazendo, podem falar o que quiser, mas isso é bullshit!!!!!

[eletroinf]

Em suma o Aquino sintetizou o que acontece, e é bem complexo.
Eu consegui entender melhor quando comecei a estudar como funciona o ecossistema da bolsa de valores, investindo para longo prazo.
Uma questão que salta aos olhos, no caso do Brazil (possivelmente se aplique a muitos países): Queremos surfar a onda da globalização, tendo acesso as "maravilhas tecnológicas" a um baixo custo, mas não queremos entrar na "parte ruim da coisa", que é a parte de se sujeitar a flexibilizar as leis trabalhistas, dentre outras coisas, pois é necessário estar apto a concorrer com "o mundo". Entendem o ponto? Se eu quero ser global, eu tenho de concorrer com todos, ou seja, as minhas regras internas serão inevitavelmente alinhadas com a média global dos negócios.
Assim, como por aqui não há plano de estado decente, acontecem mega crises econômicas como a última que não saímos ainda, de modo que as empresas ficam muito baratas e acabam sendo compradas por estrangeiros (afinal, somos globalizados, ou não?).
Enfim, continuo acreditando que se a ideia é entrar na globalização, não há como participar só do lado bom. Se não fizermos o dever de casa, só vai piorar.

[Guri]

Obrigado Aquino, por compartilhar seus pensamentos conosco.

Realmente o Aquino e o eletroinf, sintetizaram de uma forma clara o cenário do Brasil no mundo.
Posso estar errado, mas a impressão que eu tenho é que a política brasileira, não tem grandes interesses em desenvolver tecnologia e sim comprar pronta. Apesar do Brasil ser rico em minério, ouro e outros materiais, além do forte ponto do agronegócio que aliás esta sendo muito comentado atualmente. Não temos investimentos em tecnologia, do ponto de vista de usufruirmos de toda a riqueza mineral que temos aqui, ao invés disso, o Brasil vende a preço de banana para os países desenvolvidos.

Falando no agronegócio, a impressão que tenho é que o Brasil só enxerga, soja, milho e derivados...e demais áreas são supérfulas.

Ter uma empresa hoje no Brasil é o mesmo que ser igualado aos heróis do cinema. Já deu para entender o do porque né!
O Brasil ainda parece viver na época colonial e parece que não tem muito interesse em alcançar novos horizontes, diferentes do agronegócio.

Porém posso esta equivocado, mas a "crise" instalada devido ao covard19, acho que vai abrir novos horizontes comerciais, será!
China produz muita coisa, porém nós sabemos que muuuitas das coisas que eles produzem tem qualidade duvidosa e são muito frágeis...em diversos pontos, porém tem preço baixo, mas até onde compensa investir nesse produtos de forma geral?

Eu 'acho' que o grande erro dos EUA, Europa e Japão, foi centralizar as indústrias na ásia. Eu acho que isso desestabilizou o sistema, por causa da comodidade comercial deles, e hoje se vê claramente como seria dificil sair da china...

[vtrx]

Prosseguindo o assunto, eu não penso que a China atrapalhe, ao menos no nosso caso.
No nosso caso (Brazil), nós mesmos nos atrapalhamos.
A mentalidade do país é entrar na globalização para tirar proveito do que há de mais atual de tecnologia, mas não fazemos nada (falando em termos gerais). Corte o comércio internacional e nós voltamos antes da era das válvulas, não conseguiríamos nem componentes nacionais pra fabricar um radinho de pilhas.

Isso inclui o corona vírus??

[eletroinf]

Ao meu ver o Coronavirús afetou, falando de forma geral, todo mundo.
Quem está melhor preparado evidentemente ser recuperará mais rápido.
No caso do Brazil, além de estar em plena crise econômica, o governo se comporta como um zumbi quanto a solução do problema. Mesmo assim, a tendência é que isso passe.
No longo prazo o Coronavirús vai ser lembrado como um transitório no gráfico, como já houveram tantos:

https://1.bp.blogspot.com/-w5XLP8TQg2g/ ... e+1789.png

Muda alguma coisa: Certo que estes eventos sempre geram mudanças. Intensidade e o tipo, só o tempo dirá.

[Guri]

Vou contar uma história HIPOTÉTICA :


ERA UMA VEZ UM MUNDO LINDO, REPARTIDO EM PARTES DENOMINADAS CADA PARTE, COMO UM ENORME GALINHEIRO.
OBVIAMENTE, NUM GALINHEIRO EXISTEM GALINHAS; - ERAM FELIZES DO SEU JEITO. PORÉM, A ÚNICA PORTA DE ENTRADA E SAÍDA DESTE GALINHEIRO ERA GUARDADA POR UM ENORME ''LOBO'' E POR SEUS LOBINHOS.

UM BELO DIA ALGUMAS GALINHAS, 'PENSARAM' E FORAM ATÉ O LOBO E DISSERAM, SR. LOBO, CONFORME A NOSSA LEI, NÓS TEMOS DIREITOS E EXIGIMOS QUE SEJA FEITA JUSTIÇA CONOSCO, POIS AFINAL DE CONTAS TEMOS DIREITOS CONSTITUÍDOS. O LOBO, DISSE: CLARO, VOCÊS TEM O PODER EM SUAS MÃOS, OU MELHOR ASAS.

AGORA VEJAMOS, QUEM AQUI ACREDITA QUE O LOBO VAI CRIAR LEIS PARA BENEFICIAR O GALINHEIRO, SE O LOBO VÊ AS GALINHAS COMO UM NÚMERO, SENDO QUE AS BOAS SÃO AS JOVENS QUE BOTAM OVOS E TEM PINTINHOS, JÁ AS VELHAS, NÃO IMPORTAM MAIS!....

[Marcelo_SP]

E em que mercado da nossa área vocês acham que é melhor focar?
Eu vejo que fabricar equipamentos e produtos é muito complicado pois empresário que tem $$ faz parceria com a Ásia (eu também faria).
A área que vejo que ainda tem mercado é de desenvolvimento de aplicações (software), ou seja, desenvolver software para hardwares já prontos.

[chipselect]

Não sei quanto a vocês, mas para o agronegócio, essa crise atual (covid incluso) foi mais benéfica que maléfica, pois:

1- sempre falaram que a pecuária era responsável por parte do aquecimento global, e na época de quarentena, o rebanho continuou aumentando enquanto que o ambiente começou a se equilibrar!

2- todo mundo afirma que as políticas governamentais ajudam o agronegócio, mas isso não se aplica à pecuária, é mais para agricultura.

3- Investidores estão correndo atrás de propriedades rurais para aquisição, por ser um investimento mais seguro nesse tempo de crise.

4- Se todo mundo for pro buraco, ainda assim todo mundo tem que comer e ter tratamento médico. O resto pode ser meio que luxo pra quem tá no buraco.

5- Empresas tipo unicórnio (animal fantasioso que exige investimento alto pra se manter vivo na memória das pessoas, porque não existe já que não faz nada realmente útil, só fazem barulho) saíram do foco dos investidores (já tomaram prejuízo suficiente nelas). Estão focando em empresas camelo (crescem devagar, com recursos próprios e baixo investimento, o camelo fica um ano sem beber água... então projetos sustentáveis estão tendo prioridade, como propriedades rurais... tão acelerando empresas e projetos deste tipo)

[mrgadotti]

Pessoal já falou tudo, vejo a área de software crescendo muito, é bem mais barato comprar um PC e sair programando do que montar toda uma linha de produção de hw... E infelizmente a China já dominou esse mercado de hw. Meu pai sempre fala dos anos 80 que era fabricado de tudo no BR e era sinônimo de qualidade ter estampado indústria Brasileira e nesse tempo era muito comum trazer coisas do Paraguay de qualidade duvidosa. Só lembrar dos equipamentos de áudio da Gradiente que era primeira linha comparado a marcas japonesas e americanas e com abertura do mercado desapareceram.

Vejo que hoje o maior problema é todos os componentes serem importados e a alta taxa de impostos sobre eles que desmotiva qualquer empresa de encarar esse segmento. Nosso governo em vez de reduzir impostos nesse setor, é mais provável de elevar ainda mais a carga tributária e o que nos resta é virar agricultor hehehehe

[Guri]

Eu estou entrando no mundo das fontes chaveadas e queria saber se alguém pode me dar uma dica de um ótimo livro sobre o assunto, ou tutorial.