nao eh questao do brasil absorver ou nao os produtos. a questao eh que produtos simples e baratos precisam vender em quantidades gigantescas para dar lucro. mas como tem varios concorrentes, nunca vao vender tanto e o resultado eh menor lucro e menores salarios.
mas eu sempre trabalhei no setor de telecom vi varias empresas brasileiras prosperarem, justamente pq os produtos sao caros e nao precisam vender tanto para dar lucro. e nao apenas vendem bem no brasil como tambem exportam!
em especial, posso citar a parks, digitel e datacom. as duas primeiras conheco de longa data, coisa de 20 anos! a datacom conheco mais de pouco tempo, coisa de 10 anos apenas. na epoca da parks e digitel haviam outras, como rede e elebra, mas nao sei que fim levou elas. em essencia, estas empresas comecaram fabricando modems baseados em DSPs. a datacom, mais nova, comecou na epoca dos fracionadores e conseguiu bater a RAD israelense que dominava esse segmento de mercado.
hoje em dia as tres empresas diversificaram e exportam para o mundo inteiro:
http://www.datacom.ind.br/new/pt-br/produtos-datacom
http://www.digitel.com.br/pt/produtos/default.asp
http://www.parks.com.br/site/produtos.php
ah sim, os projetos ainda sao feitos aqui, vc consegue determinar isso vendo que sao empresas com produtos financiados pelo finep. e para quem comecou projetando equipamentos com DSPs, obviamente uma FPGA ou network processor eh fichinha.
tem casos parecidos em outros segmentos, por exemplo, no caso de centrais telefonicas, automacao comercial, automacao bancaria, etc.
algumas dicas para entrar nestes mercados lucrativos:
a) se vc curte software, esqueca o PIC. a parte lucrativa da industria esta inteira focada em linux, desde fabricas de switches a fabricas de computadores. e tem oportunidades boas no linux tanto em userspace quanto kernelspace. partir para a area de DSPs tambem pode ser uma boa, mas eh especializada demais e recomendo deixar para o pessoal de hardware mesmo.
b) se vc curte hardware, a coisa fica diversificada. tem oportunidades nas areas de DSP, FPGAs e MPUs:
- nos DSPs eh comum o software acabar vindo de fora (CODECs de voz ou video), pq eh complicado demais desenvolver no brasil (o brasil eh realmente bem carente e fraco nesse segmento). existem opcoes interessantes opensource, como o blackfin, onde todos os CODECs jah estao prontos, mas cuidado: os DSPs andam sendo pressionados pelas FPGAs.
- no caso de MPUs, eh linux na cabeca. com linux vc obtem maravilhas do tipo "eu usei um powerquicc-3 de 1.5GHz e nem precisei aprender o asm dele e muito menos li o datasheet inteiro!". pense soh na velocidade com que vc consegue desenvolver produtos. nao acredita? dah uma olhada rapida no portfolio de produtos da datacom. tem bastante coisa com interface GbE nao eh? e te digo que eh fichinha comparado com o portfolio de produtos da cisco! usar o que tem de melhor disponivel e usar rapido eh essencial hoje em dia. as FPGAs ateh arranham os MPUs, mas a situacao anda tranquila e ninguem ve possibilidade de FPGAs substituirem MPUs avancadas.
- no caso de FPGAs, infelizmente o brasil prefere VHDL. eh fato que verilog eh infinitamente melhor, mas se vc nao tem curriculo bonito e vc nao eh bom de marketing, nao vao te deixar usar verilog. as FPGAs sao estrategicas pq preenchem praticamente todos os espacos possiveis, substituindo microcontroladores pequenos, DSPs, ASICs e glue-logic em geral.
e obvio, tem que ser analista ou engenheiro formado para trabalhar com essas coisas. sei lah, eh o que eu vejo no mercado por aih.
obviamente programar para PIC pode representar uma contracao imediata, mas terminar uma faculdade e trabalhar com algo mais avancado pode representar uma vaga muito melhor remunerada e um futuro com muito mais opcoes.