Ultrasom para alarme automotivo

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Mensagempor polesapart » 07 Dez 2011 10:35

Tou falando de memória, pq fazem vários anos que li sobre isso, posso estar enchendo aqui de erros, mas enfim, lá vai:

Num ambiente fechado, o receptor vai captar vários reflexos do sinal originário. Isto gera umas distorções no sinal, que seriam difíceis de tratar simplesmente tentando sincronizar com uma referência local (ex. outro cristal de 32khz). Então o que geralmente é feito é usar um filtro que extrai a frequência dominante no receptor, que dá feedback num oscilador local, compensando o atraso. Ambos os sinais (recebidos e o oscilado) são jogados num comparador (quando o circuito é analógico, geralmente se usa um amp-op), e o sinal de saída, convertido numa escala, é memorizado. Isto é uma fase de auto-calibração, se você reparar, todo alarme de carro leva um tempinho pra armar o ultra-som, durante este tempo mudanças não disparam.

Bom, o que ocorre é que quando se introduz um objeto, ela perturba a relação entre as reflexões do sinal, o que por sua vez vai tirar o sinal recebido de fase com o sinal do oscilador de referência, o que vai mudar o valor na saída do comparador, causando o disparo. De certa forma isto lembra o uso tradicional do efeito doppler, devido a variação de frequencia percebida, embora não haja simplesmente um movimento de afastar/aproximar nem do transmissor nem do receptor, e sim uma perturbação nas distâncias diretas ou indiretas entre eles, causado pelas reflexões.

Por baixo do pano, há sim uma lógica doppler, mas ela não é usada como em um radar, onde é feita uma quantificação linear do resultado, aqui o que importa é qualificar como "dentro do ambiente percebido" ou "dinâmica do ambiente mudou".

Mudanças muito lentas vão reajustando o oscilador do comparador, e não causam alterações que gerem disparos, isto é necessário para compensar principalmente a mudança de temperatura, que faz o ar expandir/contrair, causando mudança nas dinâmicas. Fora que o transmissor/receptor costuma ser o mesmo modelo de capsula piezo, o que teoricamente faz com que elas respondam de forma semelhante a temperatura.


Falei muita asneira? :D
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Mensagempor xultz » 07 Dez 2011 11:39

É, tua memória não é mais a mesma, Alex. Esses anos todos de exageros acabam cobrando o preço...

Os transdutores de US (os que já trabalhei usavam 37,5Khz ou 40kHz) têm uma seletividade danada. Ou seja, no modo receptor, eles filtram muito bem a frequência de recepção.

Assim sendo, usar o efeito doppler não tem muito nexo. A teoria do doppler diz que:

fr = f(v +- vd)/(v +- vs)
onde
fr = frequência recebida
f = frequência transmitida
v = velocidade do som no ar (ou no ambiente em que se está transmitindo)
vd = velocidade do receptor (em relação ao ar)
vs = velocidade do transmissor (em relação ao ar)
se o receptor se aproxima do transmissor, o sinal no nominador é de soma; se o transmissor se aproxima do receptor, o sinal no denominador é de subtração. E vice-versa.
Assim, usar o efeito doppler num ambiente que está parado, para detectar uma intrusão, com um receptor que é bem seletivo em frequência, não faz muito nexo para mim.

Em contrapartida, a reflexão do som na paredes não causa distorção. Apesar que o conceito da palavra distorção pode variar de pessoa prá pessoa.
A equação de onda (típica) de um som no ar é
s(x,t) = sm sen(k*x - omega*t)
onde
s(x,t) = amplitude do sinal em uma determinada posição x num instante de tempo t
sm = amplitude do sinal transmitido
k = número de onda = 2*pi/lambda que é o comprimento de onda
x = a posição que se está analizando
omega = a velocidade angular = 2*pi*f
t = o tempo em que se está analizando
Se considerarmos que o som perde intensidade ao longo de x, tem mais um termo que multiplica que é e^(-x/tau)

Se você tem um sinal sonoro que chega num receptor vindo por dois caminhos, você tem a soma de dois sinais com mesma frequência, mas com defasagens.
Assim, seria
sm*sen(k*x - omega*t) + sm*sen(k*x - omega*t + phi)
onde phi é o ângulo de defasagem.
Usando relações trigonométricas chatas, é possível chegar numa expressão prá isso tudo. Porém, a reflexão gera uma perda e a soma trigonométrica fica mais chata ainda de se fazer. O ideal, é considerar os dois sons como fasores, sendo o primeiro um fasor de módulo sm com ângulo 0 e o segundo com módulo sm/perda e com Ângulo phi. E somar os vetores, que é facinho de fazer.

Tá, mas e se tiver trocentas reflexões? Vai ter trocentos fasores, mas ainda é possível de somar e chegar a um fasor resultante.
E como se parece esse fasor resultante? Ele vai ter uma amplitude (módulo do vetor) e um ângulo. É possível comparar esse ângulo e esse módulo. E se o ambiente modificar? Abrir uma porta, quebrar uma janela? Os fasores serão diferentes, e o resultante terá um módulo e um ângulo diferente. Comparando um com o outro, dá prá saber se houve violação.

E a pergunta que não quer calar: como eu sei tudo isso? Porque passei o domingo inteiro estudando essa m**** prá fazer prova na segunda. Provavelmente do sábado em diante eu já não vou lembrar de nada disso, para sempre.
98% das vezes estou certo, e não estou nem aí pros outros 3%.
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Mensagempor polesapart » 08 Dez 2011 10:23

xultz escreveu:É, tua memória não é mais a mesma, Alex. Esses anos todos de exageros acabam cobrando o preço...



Em 1995 usei ruindows por uns 6 meses. Nunca me recuperei ...
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Mensagempor MOR_AL » 08 Dez 2011 17:49

xultz escreveu:É...

Os transdutores de US (os que já trabalhei usavam 37,5Khz ou 40kHz) têm uma seletividade danada. Ou seja, no modo receptor, eles filtram muito bem a frequência de recepção.
É isso aí! O circuito equivalente do transdutor de US é um capacitor em paralelo com um conjunto de indutor, capacitor e resistor em série. Isso dá uma uma curva de impedância com um polo e um zero. Ambos em frequências bem próximas. O fator de qualidade do circuito (Q) é bem alto, o que limita a faixa de frequências práticamente a uma única. Daí a "seletividade danada". Hehe!
Na prática se opera com a frequência que corresponde ao zero da função impedância. Na medida que se consegue aumentar a onda transmitida, o que corresponde a aumentar o valor do resistor no circuito equivalente, o valor do Q decresce. Mesmo assim ainda permanece alto a ponto de se operar considerando apenas uma frequência.



A equação de onda (típica) de um som no ar é
s(x,t) = sm sen(k*x - omega*t)
A equação geral contém mais uma parcela, que corresponde ao movimento da onda de US no sentido oposto sm sen(k*x + omega*t). Mas na prática só é usada uma mesmo.

onde...

E a pergunta que não quer calar: como eu sei tudo isso? Porque passei o domingo inteiro estudando essa m**** prá fazer prova na segunda. Provavelmente do sábado em diante eu já não vou lembrar de nada disso, para sempre.


Fiz um executável que mostra a onda de pressão e de amplitude do US se movimentando. Tem cerca de 40kB.
O link é o seguinte.
http://d01.megashares.com/dl/dae7137/MOVIMEN2.EXE
Para aumentar a velocidade clique qualquer tecla e após aparecer as opções clique em R.
L torna mais lento e F termina o programa.
Fui eu que fiz e não possui virus. É um executável em DOS, obtido através do QBasic.

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