Falência da eletrônica.

Coloque aqui sua bronca

Moderadores: 51, Renie

Mensagempor mastk » 08 Mar 2012 20:39

Estou cursando engenharia Vtrx.
Avatar do usuário
mastk
Dword
 
Mensagens: 4407
Registrado em: 14 Out 2006 20:43

Mensagempor vtrx » 08 Mar 2012 21:13

Problema que o cara vai ter que trabalhar sozinho, pois nao vai ter gente capacitada pra ajudar....hehehhe

Tem sim!!.
Aqui mesmo tem um monte...
Avatar do usuário
vtrx
Dword
 
Mensagens: 2239
Registrado em: 20 Abr 2008 21:01

Mensagempor andre_luis » 08 Mar 2012 22:31

rocknroll escreveu:...Hoje temos mais engenharias de integração, produtos e processos. Papelada, compra de hardware de fora e união disso tudo para atingir um objetivo...


É uma tendencia se confirmando.
Os países do leste asiático produzindo hardware para o restante do mundo.
Não dá pra competir nesse segmento.

+++
"Por maior que seja o buraco em que você se encontra, relaxe, porque ainda não há terra em cima."
Avatar do usuário
andre_luis
Dword
 
Mensagens: 5447
Registrado em: 11 Out 2006 18:27
Localização: Brasil - RJ

Mensagempor msamsoniuk » 08 Mar 2012 23:46

se vc prestar atencao, vai ver que isso ocorre em ciclos: japao, cingapura, hong kong, korea do sul, taiwan, tailandia, china, etc. mas a medida que os paises se capitalizam e se desenvolvem, os custos comecam a subir demais! por exemplo, em uma determinada epoca da historia, microeletronica era no japao. mas hoje nem pensar: eh muito caro comparado com outros paiese menos desenvolvidos. soh uma coisa eh constante nessa historia: os americanos de uma forma ou de outra entraram em todos estes paises. quando o comunismo cair na china, e nao duvide que vai cair um dia, os americanos vao entrar com tudo, americanizar a china e ficar com os lucros.

ah claro... nao adianta esperar nada do genero na america latina! se com todo o apoio dos americanos o chile nao decolou, nao eh o resto do continente zuado que vai decolar...

andre_teprom escreveu:
rocknroll escreveu:...Hoje temos mais engenharias de integração, produtos e processos. Papelada, compra de hardware de fora e união disso tudo para atingir um objetivo...


É uma tendencia se confirmando.
Os países do leste asiático produzindo hardware para o restante do mundo.
Não dá pra competir nesse segmento.

+++
Avatar do usuário
msamsoniuk
Dword
 
Mensagens: 2935
Registrado em: 13 Out 2006 18:04

Mensagempor MOR_AL » 09 Mar 2012 08:45

xultz escreveu:Uma vez li em algum lugar que o engenheiro brasileiro é capacitado para produzir, e pouco capacitado para criar. Eu acho que isso é verdade. É realmente difícil ver um projeto brasileiro que se diga "cara, isso é inovador". O que mais temos são blocos chupados de datasheets que juntos formam um produto.
O motivo principal acho que não é nem incompetência generalizada. É falta de acesso a componentes que não sejam os triviais, fata de acesso a laboratórios, falta de acesso a instrumentos. Qualquer um que já desenvolveu qualquer coisa sabe que somos as pessoas certas no país errado, e continuamos nesta vida por pura teimosia, até que um produto chinês chegue quebrando as pernas e finalmente vamos vender chinelo na praia.


Me formei em 1976 e fui trabalhar no Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - CEPEL.
Essa entidade foi criada para suprir o setor elétrico de equipamentos e procedimentos. Na época participei da formação do Laboratório de Eletrônica Analógica. Tudo bem servido de instalações, equipamentos técnicos e engenheiros. Todos recém formados. Estava-se criando os profissionais.
Foram criados diversos laboratórios; de Eletrônica digital, de Materiais, de Sistemas e outros. O Laboratório de Equipamentos Elétricos LEE fica em outra cidade, próximo a uma subestação de EE. Lá eram feitos os testes de alta tensão e alta potência.
O CEPEL era o sonho dourado do engenheiro e do técnico. Fazíamos de tudo lá. Somente equipamentos e sistemas computacionais de ponta.
Tudo que produzíamos era fruto de "papers", publicações internacionais como IEEE e outras.
Nos projetos só estudávamos os papers para entender a idéia. A partir daí criávamos. Era ótimo. Éramos a referência no Brasil e no exterior. Freqüentemente havia intercâmbio de engenheiros entre o Brasil e outros países. Tudo para manter o padrão internacional.
Após uns vinte anos de sua criação, lá por 1996, o CEPEL foi obrigado a mudar de política.
Na época fui responsável pela criação da parte eletrônica de um equipamento que custaria cerca de US$ 1 milhão.
Só havia um fabricante do equipamento que detinha toda tecnologia. Nosso trabalho foi desenvolver do zero.
O equipamento seria vendido para as empresas do setor elétrico da América do Sul, inclusive para o Brasil. Já havia demanda para esse equipamento.
Pois bem. Depois de dois anos de pesquisas e desenvolvimento do equipamento, o levamos ao LEE (Laboratório de Equipamentos Elétricos) para testá-lo.
Os testes foram todos perfeitos.
O nosso presidente era o Color. Ele começou uma fase de "tudo se importa". O equipamento não foi aproveitado. Até onde pude saber, ficou encaixotado por anos, pegando poeira.
Com o tempo passou-se a fazer menos pesquisas pioneiras de interesse imediato do Brasil. Passamos a fazer testes para projetos estrangeiros.
Nossos laboratórios, outrora excelentes, tornaram-se desatualizados e os equipamentos não mais eram renovados.

Meu sonho terminou, pois adorava fazer estes projetos. Após algum tempo solicitei minha demissão e logo em seguida minha aposentadoria.

Nessa época a indústria não criava quase nada. Não montavam quase nada. Nossos equipamentos eram transferidos para a indústria com dificuldade, pois preferiam um produto já existente e pronto, no mercado internacional.

Ainda temos muito boas escolas, de modo que elas formam alunos com excelentes qualidades.
Um técnico ou engenheiro não pode ser considerado bom, se não tem possibilidade de utilizar e desenvolver o que aprendeu na escola. E para isso são necessários muitos anos nesse trabalho.

É triste ver esse quadro. Saber que temos potencial, mas que não temos como utilizá-los.

MOR_AL
"Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada." Edmund Burke.
"Nunca discutas com pessoas estúpidas. Elas irão te arrastar ao nível delas e vencê-lo por possuir mais experiência em ser ignorante". Mark Twain
Avatar do usuário
MOR_AL
Dword
 
Mensagens: 2934
Registrado em: 19 Out 2006 09:38
Localização: Mangaratiba - RJ

Mensagempor fabim » 09 Mar 2012 08:53

Bom, eu falo por mim. E leia minha assinatura antes de falar asneiras.

Hoje eu penso assim.
Se, e somente se.
O mercado só utilizar hW chines, ou tw ou sei lá o que. Eu consigo caminhar com facilidade, pois eu programo para desktop e embarcado.
Se a programação virar agua de batata, e a eletronica só asiatica, assim ainda eu consigo caminhar com facilidade na elétrica e sistemas de proteção.
Se o mercado não quiser sw, hw só chines, e a elétrica no brasil ser envadida. Eu adoro mexer com mecânica e hidraulica.

Se tudo isso falir, meu pai era mestre de obra e sempre ajudei ele como servente e depois que cresci como pedreiro meia culher.
Aqui em ribeirã preto, a média salarial de um meia culher é de 4000,00. Que é o salario que eu ganho, mesmo tendo tanto conhecimento...

Interior é uma bosta, muita mão de obra muito pouco qualificada que trabalham por menos da metade do que eu ganho. Até a empresa que contratou o cara perceber que fez m****, ja passou uns 2 anos, ai contrata outro e é mais dois anos etc...
Mano, ve só.
Sou responsável pelo que escrevo!!! E não pelo que você entende !!!
fabim
Dword
 
Mensagens: 5001
Registrado em: 16 Out 2006 10:18
Localização: aqui uái!!!?

Mensagempor Abuda » 09 Mar 2012 18:09

Bem vindo a realidade Fabim.

Dá minha turma de eletrônica na USP de 50 deve ter uns 5 que trabalham diretamente com HW e ou SW do modo que conhecemos(mão na massa).

O resto faz papel e ganha entre 6k a 10k.

E se você ganha X, de graças a deus por ser difícil achar alguém qualificado caso contrário você ganharia X/2.
Abuda
Byte
 
Mensagens: 214
Registrado em: 04 Mai 2007 09:38
Localização: SP

Mensagempor msamsoniuk » 09 Mar 2012 20:28

O fato eh q a galera nao quer estudar no Brasil!
Avatar do usuário
msamsoniuk
Dword
 
Mensagens: 2935
Registrado em: 13 Out 2006 18:04

Mensagempor andre_luis » 09 Mar 2012 23:22

MOR_AL escreveu:...É triste ver esse quadro. Saber que temos potencial, mas que não temos como utilizá-los...


Tivemos na UFRJ um laboratório de microeletrônica, onde fiz meu projeto final, com 2 excelentes professores da disciplina. O programa CAD foi comprado com verbas astronomicas do CNpQ.

Alguns anos depois de formado fiz uma visita, e o que encontrei foram as estações empilhadas, empoeiradas, e a informação que o pessoal que trabalhava ali foi trabalhar F*** do Brasil.

O Brasil vai sempre ser o país do futuro, pois deixa pra resolver amanhã.


+++
"Por maior que seja o buraco em que você se encontra, relaxe, porque ainda não há terra em cima."
Avatar do usuário
andre_luis
Dword
 
Mensagens: 5447
Registrado em: 11 Out 2006 18:27
Localização: Brasil - RJ

Mensagempor edison » 10 Mar 2012 02:27

Tá vendo aquele moleque moço ? Eu tentei ensinar.

Puxar fio ,ligar lâmpada com simples e paralelo ,fechar motor 12 pontas ,se cuidar prá não levar os choques da vida.

Aí me chega um cidadão e diz ,criança de pé no chão ,assim não pode estudar.
..............!

Que m**** ,antigamente tinha Senai de graça ,muleque de 14 tava estagiando , estudando ,ganhando e pegando gosto na coisa. Dava dos bons.

Hoje acabou ,tudo tem que pagar . Vai trampar no mercadinho e quando ve tá com 25 , desanimado e sem tezão de estudar.

Quando estuda quer ser chefe sem entender/gostar da arte.

Resumindo :Perdemos (Brasil) a oportunidade de incutir o gosto pela tecnologia BÁSICA nas crianças , lhes enfiamos guela abaixo as coisas hitech e é apartir dali que eles querem trabalhar.

Eletrônica ,o que que é isso moço, prá que serve ?

E a legislação não ajuda e ainda te impede de ensinar.
-----------------------------------------------
"Os políticos e as fraldas devem ser trocados freqüentemente. E pelas mesmas razões"
-----------------------------------------------
Avatar do usuário
edison
Dword
 
Mensagens: 2011
Registrado em: 10 Mar 2007 00:18
Localização: Curitiba

Mensagempor fabim » 10 Mar 2012 10:21

O que me deixa animado é algo tipo:
Cada vez mais no brasil, tem menos e menos capacitados.
Os bons vão embora do brasil, ou mexem com papel.
Eu tenho facilidade pra caminhar entre várias areas, e como cada vez menos tem pessoas capacitadas, eu sei que vou ganhar cada vez mais e por muitos anos.
Eu vou começar engenharia no segundo semestre agora, pois ouvi algo que me deixou realmente com vontade de fazer.
Eu ouvi!!
"um curso de engenharia não vai lhe garantir um emprego com salário alto, mais vai evitar que você seja excluido para a seleçao dele"...

Eu tenho intenção de ficar aqui na empresa, até meu saco explodir e falta pouco. Até lá o cara que contratarmos, se for humirde, eu vou ensinar muita coisa na eletronica e programação... Vamo ve
Mano, ve só.
Sou responsável pelo que escrevo!!! E não pelo que você entende !!!
fabim
Dword
 
Mensagens: 5001
Registrado em: 16 Out 2006 10:18
Localização: aqui uái!!!?

Mensagempor fabim » 10 Mar 2012 10:22

O que me deixa animado é algo tipo:
Cada vez mais no brasil, tem menos e menos capacitados.
Os bons vão embora do brasil, ou mexem com papel.
Eu tenho facilidade pra caminhar entre várias areas, e como cada vez menos tem pessoas capacitadas, eu sei que vou ganhar cada vez mais e por muitos anos.
Eu vou começar engenharia no segundo semestre agora, pois ouvi algo que me deixou realmente com vontade de fazer.
Eu ouvi!!
"um curso de engenharia não vai lhe garantir um emprego com salário alto, mais vai evitar que você seja excluido para a seleçao dele"...

Eu tenho intenção de ficar aqui na empresa, até meu saco explodir e falta pouco. Até lá o cara que contratarmos, se for humirde, eu vou ensinar muita coisa na eletronica e programação... Vamo ve
Mano, ve só.
Sou responsável pelo que escrevo!!! E não pelo que você entende !!!
fabim
Dword
 
Mensagens: 5001
Registrado em: 16 Out 2006 10:18
Localização: aqui uái!!!?

Mensagempor andre_luis » 10 Mar 2012 11:56

fabim escreveu:O que me deixa animado é algo tipo:
Cada vez mais no brasil, tem menos e menos capacitados...


A concorrencia me assusta menos que a solidão.
Uma coisa é ter pouca concorrencia; outra é ser o último dos moicanos.

Aqui no RJ por exemplo, pra crescer na carreira, tive de sair do ramo de projetos, pois o mercado de trabalho na eletrônica nessa cidade é tão pequeno que sequer é capaz de sustentar uma quantidade descente de empresas na área de tecnologia.


+++
"Por maior que seja o buraco em que você se encontra, relaxe, porque ainda não há terra em cima."
Avatar do usuário
andre_luis
Dword
 
Mensagens: 5447
Registrado em: 11 Out 2006 18:27
Localização: Brasil - RJ

Mensagempor chrdcv » 10 Mar 2012 12:10

fabim escreveu:O que me deixa animado é algo tipo:
Cada vez mais no brasil, tem menos e menos capacitados.
Os bons vão embora do brasil, ou mexem com papel.


Cara, isso eu acho ruim. Quanto mai gente tiver para discordar do meu ponto de vista, melhor. Aqui no fórum por exemplo eu gosto muito disso pois para mim é uma competitividade saudável por conhecimento e quebras de paradigmas.

Pelo mesmo motivo, procuro sempre vez ou outra dar uma volta na biblioteca da faculdade, para ver se tem algum livro novo ou mesmo pesquisar sobre algo que nunca tive a oportunidade de ver em sala de aula, ou ainda mais: ler em livros de estrutura de dados e arquitetura de computadores o código mais enxuto, a arquitetura que mais se adapta a um determinado projeto e por aí vai.

...
Avatar do usuário
chrdcv
Dword
 
Mensagens: 1580
Registrado em: 13 Out 2006 14:13

Mensagempor pbernardi » 10 Mar 2012 14:07

O pior é que isso gera um, ou vários, ciclos:

O patrão é um técnico meia-boa que viveu na época da reserva de mercado e hiperinflação, onde qualquer pessoa era punida se fisesse qualquer coisa inovativa. Logo ele incentiva os funcionários a fazer só a sua função e pune por qualquer idéia diferente que apareça... assim os pics e 8051s são difundidos desde sempre.

Não que os novos do mercado tenham intenção de mudar também, porque eles aprenderam PIC e 8051 na faculdade, e chegam na empresa falando disso como se fosse a última inovação tecnológica.

Como ninguém lucra muito fazendo projetos com PIC e 8051, os empreendedores pagam pouco aos técnicos/engenheiros, não há investimento em coisas necessárias, como servidores (põe um Pentium lá!), licensas (há, acha no torrent), osciloscópios, e qualque coisa que custe mais de USD 2k.

Então o engenheiro/técnico se sente um m****, pois ganham mal e trabalham com sucata, e vêem que aquele cara espertão que só dormia na aula entrou numa área admisnistrativa/de vendas/mudou de área e está ganhando 2x mais do que ele. Daí ele muda também... pronto. Menos um proffissional técnico com potencial, e mais um cara pra ficar fingindo que o Brasil vai pra frente!
But to us there is but one God, plus or minus one - Corinthians 8:6±2. (xkcd.com)
pbernardi
Word
 
Mensagens: 707
Registrado em: 12 Out 2006 19:01
Localização: Curitiba-PR

AnteriorPróximo

Voltar para Boca no trombone

Quem está online

Usuários navegando neste fórum: Nenhum usuário registrado e 0 visitantes

x