Fonte chaveada Flyback, como entender as formas de onda?

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Fonte chaveada Flyback, como entender as formas de onda?

Mensagempor Msconfig » 25 Ago 2008 13:51

Montei um inversor 24/220V topologia FlyBack e no coletor do mosfet tenho esse sinal:

Imagem

No shunt do emissor (3x1R2) tenho esse:

Imagem

A frequencia é de 23kHz.

Pergunta: Esse depressão na forma de onda um pouco antes do Mosfet voltar a conduzir é normal?
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Mensagempor MOR_AL » 25 Ago 2008 19:28

Olá Msconfig. Tudo bem?

A forma de onda da tensão no dreno é normal. O que está ocorrendo é que, quando termina a energia nos indutores do trafo, ocorre uma alta impedância no dreno e há um circuito RLC, formado pela indutância parasita do trafo e as capacitâncias parasitas do trafo, do dreno (Cds), da placa, do secundário, etc.

Seria interessante se você juntasse as duas formas de onda em uma tela apenas (duplo traço, chopeado), e mostrasse apenas um ciclo completo. Isso ajuda na análise.
Por exemplo. Ao ligar o mosfet ocorre um grande pico de corrente. Isso é devido, provavelmente, a um capacitor quase que em paralelo entre o dreno e o source ( ou o terra). Se os resistores estiverem em paralelo, a corrente é de 2,75A. Isso gera um excesso de dissipação no mosfet que poderia ser evitado. Repare que os picos iniciais da corrente são aproximadamente senoidais, somados à rampa. É a frequência de ressonância do seu circuito, e também depende um pouco de quão rápido é o seu diodo de secundário (isso está relacionado com a capacitância entre catodo e anodo).
Repare que o circuito que usei para testar o indutor que eu fiz no outro tópico, possui um primário semelhante à topologia flyback. Repare na pureza da rampa do meu circuito, comparando-a com a forma de onda de corrente do seu circuito.
Coloque o diagrama de seu circuito para que eu possa analisá-lo.
Se você quiser saber um pouco mais do que esperar das formas de onda da tensão e da corrente para a topologia flyback, terei prazer em postar.
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Mensagempor Msconfig » 26 Ago 2008 08:05

Bom, todo esse projeto começou para obter 260V, 50mA a partir de 24VCC.

Como eu não sei calcular o trafo, paguei para um Eng. Eletricista faze-lo e montei um Flyback com o UC ou TL3845, utilizando um core EE 25/10/6 da Thornton, fazendo um Gap (com duas camadas de fita crepe mesmo) na mão.

Mas como não obtive os resultados esperados, fui alterando empiricamente o numero de espiras até obter um resultado satisfatorio.

Só que eu não posso realimentar o circuito... Se eu colocar uma realimentação, para manter a tensão de saida, o UC fica doido e o Mosfet aquece.

Acho que pode até ser erro de Lay-Out...

Deixa eu postar o sch, aqui...
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Mensagempor Msconfig » 26 Ago 2008 09:29

Segue SCH:

Imagem

O pdf mandei para teu email, Mor_Al
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Mensagempor Msconfig » 26 Ago 2008 11:55

Seguindo a dica da rampa de corrente do MOR_AL, consegui uma config do trafo que não aquece o mosfet, nem o trafo e atende a demanda. Obrigado MORA_AL!

Tensão no "Coletor" do mosfet e corrente o Dreno Shut de 0,4R (Sem Snubber):

Imagem

Ponto em que o Mosfet Liga:

Imagem

Ponto em que o Mosfet desliga:

Imagem

Para mim, que sou leigo tá bom. Agora é ver o Snubber...
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joia

Mensagempor tecman » 26 Ago 2008 15:24

desculpe estou fugindo do topico mas qual e o software que vc usou para fazer o desenho do circuito agradeço
tecman
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Mensagempor MOR_AL » 26 Ago 2008 20:19

Olá Msconfig.

1 - Snubber super dimensionado.

O pico de tensão, imediatamente após o corte do mosfet, tende a sumir, como é o caso da forma de onda da tensão da postagem 1. Isso é bom.
A comutação do mosfet (no corte) passa a ser mais lenta, gerando sobre dissipação no mosfet, necessitando um dissipador maior. Isso é mau.
Quando acaba a energia no trafo, instante em que a corrente do secundário vai à zero (o mosfet está cortado, a tensão de dreno está diminuindo de seu valor aproximado de 2 vezes a tensão de alimentação), inicia-se uma oscilação bem amortecida (tem apenas um ciclo na sua primeira figura) e de tensão reduzida. Isso é bom.
O resistor do snubber dissipa mais calor. Isso é mau.

2 - Snubber sub dimensionado (ou sem snubber).

O pico de tensão, imediatamente após o corte do mosfet, tende a ficar muito alto, como é o caso da forma de onda da tensão da postagem 2. Isso é mau. O mosfet pode sofrer condução por break down. É uma espécie de entrar em zener com uma tensão muito alta. O mosfet se encontra fora da “região de operação segura” (safe operation area). Ocorre uma sobre dissipação.
A comutação do mosfet no corte fica muito rápida. Isso não é muito bom. Pode provocar a condução no mosfet por “taxa de comutação muito rápida no corte” (dv/dt).
Quando acaba a energia no trafo, instante em que a corrente do secundário vai à zero (o mosfet está cortado, a tensão de dreno está diminuindo de seu valor aproximado de 2 vezes a tensão de alimentação), inicia-se uma oscilação sub-amortecida (tem dois ciclos na sua segunda postagem) e de tensão muito alta. Isso é mau. O diodo intrínseco do mosfet conduz nos dois instantes a nível de tensão zero.
O resistor do snubber dissipa menos calor (ou não sissipa, caso sem snubber). Isso é bom.

Qual é a solução então?

3 – Snubber corretamente dimensionado.

O pico de sobre tensão, durante o início do corte do mosfet, fica controlado. A tensão neste instante fica menor que a tensão de ruptura do mosfet, garantindo que ele não saia da região segura de funcionamento.

A taxa de comutação no instante do corte (dv/dt) não fica tão rápida a ponto de fazer o mosfet conduzir, nem tão lenta, a ponto de gerar sobre dissipação no mosfet.
A potência dissipada no resistor do snubber é controlada (cerca de 1W aprox.)
A oscilação, no instante em que a corrente de secundário vai à zero, fica com poucos ciclos e sua tensão cai um pouco abaixo da tensão de alimentação, porém não tende a ir a zero.

Qual é o valor ideal do resistor e do capacitor do snubber?
Há uma fórmula (que não me lembro agora) que dá estes valores, porém o importante é ajustar os valores obtidos até verificar as condições expostas no item 3. Procure na internet que você acha as duas expressões.

Um antepenúltimo detalhe.
Os dois diodos (D2 e D3) devem ser rápidos e o 1N4007 não é rápido. Porém é uma solução mais barata e funciona. Só que as formas de onda durante as comutações ficam piores. É como se tivesse um capacitor de valor não desprezível em paralelo com eles.

Um penúltimo detalhe. Não conheço o funcionamento do integrado, para poder lhe dizer por que o problema da realimentação.

Um último detalhe.

Você blindou o trafo? (Tira de cobre por FORA do núcleo e enrolamento; envolvendo o gap. Sua largura pode ser a altura do carretel. Soldar as extremidades e conectá-lo ao terra.)

Ha... já ia me esquecendo... Normalmente as fontes flyback precisam de um consumo mínimo na carga (quando sem realimentação), ou o CI tem que interromper a oscilação. Se a carga for retirada, a tendência é de aumentar a tensão de saída até valores que algum componente entre em condução e queime por sobre dissipação. Por outro lado, este tipo de fonte não queima se na saída ocorrer um curto circuito (garantido quando não tem o CI).

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Mensagempor fabim » 26 Ago 2008 23:52

excelentes colocações.
Mais ó, tem certeza que acabou não faltou nadinha ?rs
Mano, ve só.
Sou responsável pelo que escrevo!!! E não pelo que você entende !!!
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Mensagempor MOR_AL » 27 Ago 2008 00:14

... Esse Fabim ... :lol:
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Mensagempor Msconfig » 27 Ago 2008 08:43

Bom, com a super-ajuda do Mor_Al consegui que o treco funcionasse sem aquecer, embora a oscilação me pareca alta:

Imagem


O pico de tensão parece suportavel pelo IRF530:

Imagem

Ah, eu digitei errado, o tal diodo é UF4007.
O software é o ORCAD.

Brigadão a todos, vou salvar esse tópico e o do LM2576 como referência. Referencia que não se encontra em livros.

Em tempo: Não precisei blindar e como a saída é 260VCC, uma carga significativa acaba por aquecer muito. Deixei um tempão funcionando sem carga e não houve danos à fonte, o CI fica em regime ON-OFF, conforme a carga do capacitor de filtro de saida.
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Mensagempor fabim » 27 Ago 2008 08:48

Isso não é uma oscilação....

Isso é uma BIXONA.


Olha como ela se desmunheca toda, aiaiaia uiuiuiu eu pareço uma ondinha senoidal em alta frequencia, uiuiuiu..

rs.

Viu você esta testando o trafo com simulação de carga nominal na saida ?

Tipo se é para Umax de saida de 1A, simule com resistores uma carga de 500mA, e bizóie novamente. Com certeza essa bixona vai diminuir bastante.

Fabim
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Mensagempor Red Neck Guy » 10 Abr 2011 12:06

Obrigado tio!
Esse teu circuito caí como uma luva pra uma aplicação que um cliente meu tem aqui. Até parece que trabalhamos na mesma área, sinistro isso!
ASM51 descanse em paz!
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Mensagempor EDSONCAN » 11 Abr 2011 07:07

Eu não aconselho usar 1N4007 em D2, trata-se de um chaveamento de alta-frequencia. D3 parece ser UF4007 não conheço esse diodo.

Neste tipo de projeto a pcb é muito critica, principalmente sem isolamento.


Edson
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Mensagempor MOR_AL » 11 Abr 2011 08:01

O trafo é um componente difícil de fazer....
1 - ... a posição dos fios do enrolamento secundário é preocupante. São poucas espiras (fontes de 5V podem precisar de 3 espiras apenas) e a tensão de saída depende da distribuição delas no carretel.
2 - ... a indutância de entrada e de saída são muito dependentes da distância do gap. Se o valor das indutâncias não estiverem com precisão de até uns 20%, o comportamento da fonte, nos extremos de alimentação e corrente de saída, pode não ficar bom.
3 - ... a capacitância dos enrolamentos influencia muito no valor da onda senoidal gerada no dreno, ou coletor.
4 - ... a geração de EMI é alta. Quase sempre é necessário usar uma fita de cobre aterrada em volta do trafo. Principalmente se a realimentação passar por um acoplador ótico.
5 - ... determinar quantas espiras tem que possuir o enrolamento primário não é fácil, pois é função do tamanho do gap e do tamanho e formato do ferrite.
6 - ... idem para o enrolamento secundário.
7 - ... determinar qual vai ser o diâmetro do enrolamento do primário.
8 - ... idem para o secundário.
9 - ... determinar quanto de "interlaceamento (?)" deve haver entre os enrolamentos.

Muitos itens acima são calculados. Dão cerca de 50 fórmulas.
Alguns são subjetivos, como nos itens 1, 3, 4 e 9. Vem com a experiência acumulada por diversos projetistas que produziram alguma documentação a respeito.

MOR_AL
"Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada." Edmund Burke.
"Nunca discutas com pessoas estúpidas. Elas irão te arrastar ao nível delas e vencê-lo por possuir mais experiência em ser ignorante". Mark Twain
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Mensagempor Red Neck Guy » 11 Abr 2011 08:29

Aquele documento da AN-4140 da fairchild é um bom caminho, certo? Ou não?
ASM51 descanse em paz!
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